sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Varas e Porcos e Cleptocracia

Os Varas e os Porcos, ou os políticos e o chamado enriquecimento ilícto.

Existe um creio que ex-político e hoje Vice-Presidente de um conhecido banco, de apelido Vara, que hoje se encontra nas bocas do mundo. Não significará certamente o seu apelido que Sua Excelência é um simples aglomerado de porcos. Quanto muito, poderíamos pensar que a figura, fazendo juz ao apelido que tem, não passa de mais um porco daqueles que Abril deu à luz, ou, em linguagem técnica, que Abril pariu. Mas não. A língua portuguesa é muito traiçoeira, e a associação do Sr. Armando a um porco, será certamente uma mera coincidência.

Isto a propósito das suspeitas que agora recaem sobre aquele modesto ex-empregado de balcão da Caixa Geral de Depósitos na sua santa terrinha, sem qualquer habilitação especial de Gestor, que por força de se ter inscrito no sinistro Partido Socialista, conseguiu chegar a Ministro do Guterres do Pântano, criou uma Fundação com finalidades duvidosas chamada da Prevenção e Segurança, e que por actos ainda mais duvidosos ligados à dita Fundação “se viu obrigado” a sair do Governo, sem qualquer consequência que não fosse o ter reingressado na mesma Caixa Geral de Depósitos não no seguimento normal da sua carreira, mas sim “saltando” por cima de todos os seus colegas (que honradamente trabalham no dia-a-dia, e que podem ascender no máximo a Director de Balcão), tendo sido nomeado creio que Director de Património da mesma Caixa Geral de Depósitos, “o Banco de todos nós”... Daí a Administrador da mesma Caixa, foi um salto, e vêmo-lo agora de ar “emproado” como Vice-Presidente de um conhecido Banco Privado nacional, em regime de requisição à CGD...

Não é certamente o apelido que denomina as características morais de uma pessoa, e, que me perdoem os porcos, não é por o Senhor se chamar Vara que lhe podemos chamar de Porco ao quadrado. Poderia ser considerado um insulto ao Sr. Armando, ou poderia porventura haver um porco qualquer que se sentisse indignado com a comparação. Tudo isto oderia dar mais um texto para La Fontaine ter escrito uma das suas famosas Fábulas...

Mas a Fábula aqui é outra, e a esse Sr. Armando poderemos sim chamá-lo de corrupto, de porco, e de ladrão, se se provar que fez o que a maioria dos políticos deste horroroso sistema costumam fazer: servir-se da política, para fazer tráfico de influências, servir-se da política para ter cargos de Gestão para os quais não têm qualquer qualificação, mas que servem ou podem servir os interesses obscuros de muita gente. Diz-se por aí que o Senhor Vara poderá ter-se vendido por uns míseros 10.00 Euros. Não sei se é verdade ou mentira, pouco me importa. Mas que Sua Excelência é arguido num escandaloso caso de corrupção, é! O futuro ditará o qualificativo que lhe havemos de dar, se entretanto não acontecer o que sucede frequentemente: o processo prescrever...!
A questão do enriquecimento das figuras políticas, é tema recorrente nos tempos que passam. Hoje em dia, a chamada “Causa Pública”, é algo que poucos conhecem. Os políticos vão para os governos na sua maioria para se servir, e não para servir. Triste regime este, que democraticamente nos impõem há 35 anos...

Casos como o do BPN, do BPP, do Freeport, da Fundação Prevenção e Segurança, e muitos outros, seres como Armando Vara, Isaltino de Morais, Dias Loureiro, Valentim (também) Loureiro, Jorge Coelho, Fátima Felgueiras, Ferreira Torres ou outros, são o dia a dia da nossa vida política, e como que parecem naturais, normais... Os senhores começam pobres na sua santa terrinha, e em pouco tempo os vemos com ar de “baronetes do liberalismo”, emproados e a cuspir dinheiro pelas costuras. Se aqui não existe corrupção, existe por certo milagre, ou competência em demasia...

Poderemos perguntar-nos se não há em Portugal Gestores competentes, não políticos, com especialização e experiência de Gestão, que possam ocupar os cargos de Gestão que são ocupados hoje em dia por simples traficantes de interesses, que vieram da política. A resposta será sem dúvida positiva, sabemos que há muita gente válida felizmente em Portugal, mas que, por não estar ligada aos partidos do regime, não consegue ascender a lugares no Governo, ou na Gestão das Empresas, públicas ou não. E com isto é Portugal que perde, em nome de favores que se pagam a uns e a outros. Favores muitas vezes obscuros.

Poderemos perguntar-nos o que sabe Jorge Coelho de Gestão ou de Engenharia, para ter ido Administrar a Mota Engil. Poderemos perguntar-nos o que sabia Dias Loureiro de Finanças ou de Gestão, para se ter envolvido na gestão do BPN, e ter feito a “obra” que dizem que fez...

Poderemos perguntar-nos o que sabe Armando Vara de Banca e de Gestão Bancária, para “saltar” de balconista para administrador, e ser agora Vice-Presidente de um Banco.

O mesmo para muitos outros exemplos. As excepções, que as haverá, serão muito poucas.

Recordo-me que a seguir à malfadada data do 25 de Abril, diziam a alguém que eu conheço bem, que se não se inscrevesse em determinado Partido Político, a sua carreira não iria longe. Essa pessoa teimou em não se inscrever em nenhum partido, fez uma vida honesta, e reformou-se após muito trabalho e suor como simples Director da empresa de Engenharia onde havia trabalhado mais de 27 anos. Outros, menos competentes do que ele, rapidamente foram administradores dessa Empresa, que era de referência, e que hoje se reduz a 5 ou 6 funcionários, de cerca de 600 que tinha, e que está liquidada.
Os dos Partidos, estão todos bem governados, e como muitos outros de muitas outras empresas que entretanto fizeram falir, passaram pela Maçonaria e pelos Partidos, e pelos governos, e são hoje gente “de bem” e abastada... Desses com quem nos cruzamos algumas vezes pela rua e dão vómitos só de os ver. De importantes que parecem.

A nossa Pátria está a saque.

Da corrupção à pedofilia, passando pela homossexualidade exibicionista que agora se senta aberta e desavergonhadamente em S. Bento, tudo temos. Somos uma Nação adiada. Estamos com uma crise interna pior que a crise mundial que assolou o Mundo nos ultimos meses. A nossa crise actual é pior que a da 1.ª República, que Salazar curou. Vivemos de facto num País aviltado com uma profunda crise de valores, de moral, e crise económica e financeira. Vivemos na lama. Nas eleições, preferem não votar mais portugueses do que aqueles que votam — o que põe em causa a legitimidade do regime. Estamos sem rumo, inconscientemente à espera de que alguém venha um dia “pegar nisto”.

Os 35 anos de Democracia cleptocrata e impune que nos têm vindo a impôr, trouxeram-nos o descrédito internacional. Não existe no actual sistema uma linha política realmente interessada em ressarcir a Pátria do roubo e da traição de Abril. Do roubo territorial, do roubo moral, do roubo financeiro, do roubo da competência. Somos o País que Saramago merece ter. O do triunfo dos Porcos, de Orwel, que que eu saiba não teve Nobel, nem se meteu a falar do que não sabia. Diria mesmo, o País do Vara dos porcos, ou um país gerido por uma verdadeira vara de porcos incompetentes que nos empurram para o abismo, enquanto enriquecem pessoalmente.

Que Deus seja louvado!

Que venha nem que seja El-Rei D. Sebastião.

Por Portugal, e mais nada!

Chega de sofrer.

António de Oliveira Martins — Lisboa

1 comentário:

  1. Caro António de Oliveira Martins, concordo plenamente com tudo o que diz. Também eu estou farto da vara (ou será cáfila?) de políticos (e não só) corruptos que corroem a democracia deste país. Prevejo que, como é costume, toda esta investigação vá dar em nada, assim como não darão em nada os casos BPN, Casa Pia, Isaltino, etc., etc. O país, e os meus impostos, estão a saque.
    No entanto permita-me que estenda o seu desabafo em relação à "malfadada data do 25 de Abril", a datas anteriores à mesma. Ou não era verdade que antes do 25 de Abril "se não se inscrevesse em determinado Partido Político, a sua carreira não iria longe"?
    Também a corrupção não é apanágio da Democracia. No Estado Novo havia-a seguramente, mas bem camuflada.
    A grande diferença é que o António hoje pode publicar a sua indignação. O que aconteceria se estivéssemos no Estado Novo e desse a sua opinião desta forma desassombrada expondo os podres da governação? seguramente acabaria a ser torturado em Caxias, ou na frigideira no Tarrafal. Veja-se o que aconteceu a Henrique Galvão depois de denunciar o "Chiquinho ladrão” e outros corruptos do regime.
    Eduardo Galvão

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